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Há algum tempo temos vivenciado um processo de desenvolvimento tecnológico e industrial de impactos globais. Tal crescimento transformou e continua influenciando nossa perspectiva de economia e desenvolvimento. Nesse ritmo, ao dirigir o olhar para sociedades baseadas na caça e na coleta no passado e no presente – como alguns povos nômades por exemplo – por vezes a sociedade ocidental enxergava a mais absoluta escassez. Isto é, uma forma de vida onde há muito trabalho para garantir a sobrevivência e resta pouco tempo para o lazer e para “construir cultura”.

Contudo, em “A sociedade da afluência original”, o antropólogo Marshall Sahlins realiza uma inversão ao demonstrar a partir de exemplos etnográficos que por vezes o acúmulo de riquezas e o apego à propriedade representa não um ganho, mas um grande peso para sociedades nômades. Nesses grupos, só se leva aquilo que é possível transportar. Para Sahlins, “não que os caçadores e coletores tenham refreado seus “impulsos materiais”; simplesmente nunca os instituíram”. Em outras palavras, para o autor, “sem desejo não há falta”.

De volta às sociedades capitalistas modernas, constatamos que a euforia pela possibilidade de produção em massa é cada vez mais questionada quando esbarramos numa constatação inegável: os recursos naturais são finitos, os desejos que alimentamos são inúmeros e nossa organização econômica é geradora de desigualdade e destruição ambiental. Pelo modo como gerimos os recursos, assistimos a fome e a escassez atingirem milhões de pessoas.

Assim, restou a nós fazer um exercício: assim como estudiosos precisaram reavaliar o modo como observavam e representavam a economia desses povos em suas realizações e “limitações”, é necessário agora construir um novo olhar sobre tecnologia, industrialização e responsabilidade social e ambiental. A essa busca damos muitos nomes, entre eles, “desenvolvimento sustentável”.

Bibliografia

SAHLINS, Marshall. A sociedade afluente original. Cultura na prática, p. 105-152, 2007.

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